ARTIGO - A Bolsa Brasileira e o boom das proteínas vegetais

Por Marcelo Eduardo Lüders, presidente do Ibrafe e corretor de mercadorias pela Correpar
Por Bolsa Brasileira de Mercadorias BBM
22/10/2019 | 183

ARTIGO - A Bolsa Brasileira e o boom das proteínas vegetais

Por Marcelo Eduardo Lüders, presidente do Ibrafe e corretor de mercadorias pela Correpar
Por Bolsa Brasileira de Mercadorias BBM
22/10/2019 | 183

Diversos fenômenos sociais, econômicos e climáticos vêm colocando a agricultura brasileira em uma posição de destaque. Não é para menos,  Iembrando que alimento significa paz. Afinal, é a falta de alimentos que move as massas de seres humanos em ondas migratórias que inquietam a Europa e as Américas, principalmente. No outro extremo, todos os países com um mínimo de crescimento econômico vêm tomando consciência que sustentabilidade é vital e ela, segundo estudos que se acumulam, só é possível se nós dermos uma guinada nos hábitos alimentares da nossa geração.

 

A busca por consumir preferencialmente proteína das plantas, a plant based, está consolidada como tendência crescente e não como moda. Portanto, todo esforço que fizemos nos últimos anos em prol da diversificação de variedades de pulses, como feijões rajado, vermelho, mungo, caupi, azuki e ainda do grão-de-bico e das colheitas especiais, como pipoca, amendoim e gergelim, entre outros que estão em desenvolvimento, está valendo a pena. Saímos de 4 mil toneladas exportadas para 162 mil em menos de 10 anos. No ano passado, exportamos nove diferentes variedades de pulses para 75 países e, ainda assim, atendemos menos de 1,5% da demanda dos principais importadores.

 

O cenário coloca o Brasil como produtor apto a avançar sobre uma fatia importante do mercado pelo mundo afora. Jamais esquecendo que, aqui, no Brasil de 208 milhões de habitantes, já temos 30 milhões de vegetarianos e veganos. Há também os “flexitarianos” que aderem, por exemplo, em São Paulo, ao movimento mundial da  segunda-feira sem carne. São aqueles que elegem um ou dois dias na semana para não ingerir nada de proteína animal. Para se ter uma ideia do crescimento deste mercado da proteína das plantas, basta olhar o faturamento mundial do setor no ano passado, que foi de US$ 51 bilhões de dólares.  

 

No campo agronômico temos feito muito bem o dever de casa dentro das condições que a pesquisa pública desenvolve sua missão. FAO e GPC Global Pulse Confederation têm demostrado seu interesse, reconhecendo a importância que nosso país tem neste cenário.  Estamos apenas começando a ocupar uma posição de influência dentro deste mercado de US$ 100 bilhões de dólares.

 

Portanto, com estas informações em mãos, faz sentido que a Bolsa Brasileira de Mercadorias assuma seu papel neste segmento, facilitando o fluxo seguro de recursos oriundos da comercialização transparente, imprescindível como facilitador das negociações. Chegou a hora dos corretores da Bolsa agregarem sua experiência a era online desde contratos digitais  com arbitragem até o pleno atendimento à necessidade de suprir referências de preços para estes novos mercados.

 

Seremos protagonistas das mudanças mundiais cumprindo nosso papel num agro moderno e pujante. Somos parte vital, sendo realistas, quanto ao nosso protagonismo no projeto que vem sendo desenvolvido pelo IBRAFE - Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses -, e pelo CBFP – Conselho Brasileiro do Feijão e Pulses – que já envolve Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Feijão  do Ministério da Agricultura, CNA - Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária -, além diversas outras instituições estaduais  que projetam atingir um milhão de hectares em cinco anos com pulses e colheitas especiais.

 

Organizando e catalisando os esforços de diversos elos do setor, a meta é bem razoável. Neste contexto, estados como Tocantins e Bahia poderão ter substancial aumento de área plantada. Somando-se as áreas de sequeiro e irrigadas de Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais já envolvidas, teremos nestes estados as principais áreas em um primeiro momento. A Embrapa e o IAC, principalmente, desenvolvem cultivares que estão se adaptando bem àquelas regiões. As sementeiras, por sua vez, evoluem na multiplicação das sementes destas novas alternativas também. Por último, as empresas de insumos vêm dedicando cada vez mais atenção ao setor e o barter com pulses e colheitas especiais já esta pronto para ser implementado.

 

Complementando porteira adentro, a rastreabilidade já está ocorrendo em outras culturas onde a rotação pode ocorrer com pulses e colheitas especiais. Sistemas de colheitas que dispensam o uso de glifosato se destacam neste cenário. Este diferencial será enorme quando formos comparados com outros concorrentes como países da África e da Ásia. Com os exportadores investindo em processamento ultramoderno, temos as cartas certas em mãos.

 

Portanto, você que está agora lendo este artigo, arregace as mangas e aproveite o boom das proteínas vegetais. Envolva-se, pois voce está no lugar certo, na hora certa.

 

Por Marcelo Eduardo Lüders, presidente do Ibrafe e corretor de mercadorias pela Correpar

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