ARTIGO - O Aumento nos Preços dos Alimentos

Segundo o IBGE, o grupo de alimentação e bebida subiu 4,91% este ano
Por Carlos Widonsck, consultor da Bolsa Brasileira de Mercadorias
21/09/2020 | 244

ARTIGO - O Aumento nos Preços dos Alimentos

Segundo o IBGE, o grupo de alimentação e bebida subiu 4,91% este ano
Por Carlos Widonsck, consultor da Bolsa Brasileira de Mercadorias
21/09/2020 | 244

Os preços dos alimentos vêm assustando os consumidores, principalmente os de baixa renda, dado que os dois principais componentes do prato brasileiro, arroz e feijão, subiram significativamente nas gondolas dos supermercados.


Para entender melhor o que está acontecendo, é necessário analisar as razões que levaram a elevação dos preços, não só do arroz e feijão, mas do leite, soja, milho, carne, entre outros. Uma delas, com certeza, foi a valorização do dólar frente a real incrementando a exportação de vários produtos agrícolas. Tal fato é facilmente verificado com os recordes de exportação de carne e soja que tem sido embarcados. Outro fator foi o maior consumo de certos alimentos em razão do auxilio emergencial disponibilizado pelo governo.


Além disso, com relação ao arroz, por exemplo, na comparação dos preços entre setembro/2019 e setembro/2020, segundo a Bolsa Brasileira de Mercadorias, houve um aumento de 150%, passando de R$43,00/saca para R$107,00/saca, em razão dos estoques baixos, quebra na safra do Rio Grande do Sul e demanda internacional (exportação) em alta. 


O feijão, outro item da cesta básica nacional, já vinha apresentando estoques apertados e com a quebra de safra ocorrida, acarretando um desequilíbrio entre a oferta e demanda e ocasionando um aumento de quase 100% nos preços.

 

No caso da soja, apesar de termos uma super safra em 2020, quebrando vários recordes de produção, também foi quebrado o recorde de exportação neste ano cujo total ultrapassou a marca de 70 milhões de toneladas. Comparando os preços praticados em setembro de 2019 com setembro de 2020, a saca de soja saltou de R$80,00 para R$130,00, fazendo aumentar, na mesma proporção, todos os seus derivados como farelo, óleo de cozinha e incluindo a carne, já que o farelo é usado como ração. 


No setor carnes, bovina e suína, as exportações para China contribuíram para o aumento de preço no mercado interno. A peste suína naquele país e os problemas apresentados em frigoríficos dos Estados Unidos que foram impactados pela Covid 19, fez com que o Brasil fosse o maior exportador dessas proteínas. Poder-se-ia pensar em um substituo, por exemplo, o frango, só que este também subiu cerca de 18% em um ano. E tem sua lógica, por que, como todos sabem, o frango se alimenta de milho, que dobrou de preço neste período (de R$ 30,00/saca em set 19 para R$ 60,00/saca em set 20).


Nada mais justo que analisar agora o nosso cafezinho com leite.  A saca de café que há um ano custava R$420,00, hoje custa R$600,00. No caso do leite, devido à oferta limitada no campo, sazonalidade (safra/entressafra) e o aumento do consumo de lácteos, o preço subiu 10,5% em agosto. Vocês já tomaram café com leite sem açúcar? Talvez você considere começar a experimentar. A saca de açúcar que custava R$60,00, hoje não sai por menos de R$85,00. Pois é... Até aquele pingado na padaria ficou comprometido.


Resumindo, alguns fatores que podem ser responsáveis pelo ao aumento dos preços dos alimentos:


- auxilio emergencial efetuado pelo governo;
- desequilíbrio entre oferta e demanda de alguns produtos;
- fator cambial;
- mercado internacional favorável para exportação;
- problemas climáticos em certas regiões do Brasil;


Segundo o IBGE, o item alimentação e bebida nesse ano subiu 4,91%, alimentação no domicilio 6,10% e o IPCA (índice utilizado pelo governo para medir a inflação), subiu 0,70%, ou seja, o IPCA está bem menor do que a realidade que as famílias estão enfrentando quando vão ao supermercado, que é mais próxima do IGPM - Índice Geral de Preços Mercado – divulgado pela Fundação Getúlio Vargas, no qual a inflação medida é de 9,64% no ano de 2020.

 

Fonte: IBGE

 

Fonte: IBGE


Para conter essa alta dos alimentos, medidas estão sendo tomadas pelo governo para minimizar a alta dos preços, principalmente nos que compõe a cesta básica do brasileiro. Uma delas é zerar as  taxas de importação de alguns produtos básicos, como o arroz, por exemplo. A regra agora é comprar somente o que é necessário e evitar as compras supérfluas, ou seja, valorizar os reais que se tem no bolso.

 

Carlos Widonsck é consultor da Bolsa Brasileira de Mercadorias, professor do Educacional da B3 e sócio-diretor da CW Análises de Dados.

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