Na última semana, a Câmara Setorial do Trigo da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do Rio Grande do Sul, se reuniu com integrantes da cadeia produtiva do trigo no estado. Um dos principais tópicos discutidos foi a identificação do melhor mecanismo de apoio à comercialização para a triticultura a ser adotada pelo governo federal no atual momento. A reunião aconteceu após o anúncio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de comprar até 200 mil toneladas do grão da safra 2024/2025 por meio do mecanismo de Aquisição do Governo Federal (AGF), pelo qual, produtores de trigo do RS poderão vender o produto diretamente ao governo federal.
A decisão, no entanto, foi vista com ressalvas pelos operadores de mercado da Bolsa Brasileira de Mercadorias que aguardavam o lançamento de um leilão do Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro). O diretor-geral da Bolsa Brasileira de Mercadorias, Cesar Henrique Bernardes Costa, defende que os instrumentos Prêmio para Escoamento do Produto (Pep), e Pepro são mais vantajosos que o AGF, pois permitem o escoamento de uma quantidade muito maior do grão, beneficiando assim um maior número de produtores. “Em contrapartida, o AGF enfrenta limitações como a necessidade de armazéns credenciados, custos elevados de carregamento de estoques e dificuldades de revenda”, afirmou. O diretor também avalia como positiva a utilização combinada dos dois mecanismos, um em complemento ao outro, caso realmente o governo detecte a necessidade de formar estoques de trigo e de racionalizar os recursos disponíveis nos dois instrumentos.
Embora a política de aquisição do governo seja “louvável”, segundo o grupo, em determinadas situações, a sua execução é limitada devido à falta de infraestrutura de armazéns para receber o grão. Representantes do setor solicitaram ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) o apoio à implementação de Pep e Pepro, destacando que, com menos da metade dos recursos destinados ao AGF, seria possível subsidiar cerca de 500 mil toneladas, aumentando a liquidez e garantindo renda aos produtores de trigo no RS.
Safra atual e preços
Para a atual temporada, a produção brasileira do grão está estimada em cerca de 8,64 milhões de toneladas, um aumento de 2,1% quando comparado com o volume obtido em 2023. Segundo comunicado da Conab, a quebra registrada no Paraná e com as adversidades climáticas registradas em importantes regiões produtoras mundiais como Rússia, Europa, Estados Unidos e Austrália, refletiram em uma amena recomposição dos preços nacionais. No Rio Grande do Sul, tem se observado redução na qualidade do cereal em função das enchentes que atingiram praticamente todo estado gaúcho em maio deste ano. Ainda assim, as cotações atuais têm permanecido abaixo do preço mínimo vigente no estado gaúcho, também de acordo com o órgão.
O preço médio pago ao produtor do RS pelo grão gira em torno de R$ 67,00 a saca de 60 quilos, valor abaixo do chamado preço mínimo estabelecido pelo governo que é de R$ 78,51 na praça gaúcha. No entanto, a Companhia afirma que continua acompanhando o mercado uma vez que o mecanismo pode ser utilizado nos demais estados produtores que tenham o preço de mercado inferior ao mínimo, limitado ao volume de recursos disponível. Na safra passada, o governo federal optou pelos instrumentos de apoio à comercialização com leilões públicos de Pepro e Pep como forma de auxiliar os produtores. Com estas operações, o governo apoiou o escoamento de cerca de 479,28 mil toneladas do cereal.
O que é Pepro? É uma subvenção econômica concedida ao produtor rural ou cooperativa de produtores rurais que arremataram, em leilão eletrônico realizado pela Conab, o Prêmio Equalizador. Esse prêmio visa complementar o valor recebido pela venda de um produto para que atinja o valor do Preço Mínimo, desde que esse produto seja escoado de acordo com as condições previstas no Aviso específico.
Quando é lançado o Pepro? O Pepro é lançado quando o preço de mercado de um produto es tiver abaixo do Preço Mínimo. Quando isso ocorre, um aviso contendo todas as características e condições do leilão é publicado no portal da Conab e divulgado por meio das Bolsas de Cereais, de Mercadorias e/ou de Futuros, no prazo mínimo de 5 dias úteis antecedentes à data de ocorrência do leilão.
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