Preços recordes estão sendo observados no mercado brasileiro do algodão mesmo após a colheita de uma safra também recorde no país de 2,9 milhões de toneladas na temporada 2019/2020. “Alta no mercado internacional, valorização do câmbio e aumento da demanda em um momento que a oferta está reduzida”, estes são os principais fatores que influenciam neste cenário segundo João Paulo Lefèvre, presidente do Conselho de Administração da Bolsa Brasileira de Mercadorias. O mesmo ocorreu nos mercados do milho e da soja em 2020. Mesmo com grandes volumes provenientes das lavouras brasileiras, os preços chegaram em patamares nunca antes vistos.
Nesta segunda-feira (1º), o indicador de preços da Bolsa Brasileira de Mercadorias aponta para o valor acima de R$ 4,50 por libra peso na pluma (Posto São Paulo). Um mês atrás, o preço estava em R$ 3,84. A alta passou de 16% no acumulado de janeiro frente a dezembro e a produção da safra anterior já foi praticamente toda vendida. “Os produtores estão esperando terminar o benefício e as entregas dos contratos já feitos para ver o que e quanto vão poder oferecer agora”, explica Lefèvre, que é também um dos sócios da Lefèvre Corretora.
Na ponta compradora, a China segue sendo o principal destino dos embarques brasileiros e o apetite do país asiático também ajuda a dar suporte aos preços intensos. Outro fator de alta dos preços no mercado futuro, que deverá ser sentido a partir de agosto, é que este ano, a área plantada no Brasil será 17% menor do que na temporada anterior, segundo projeções. A redução é fruto de uma decisão tomada por produtores em um passado recente quando os preços não estavam tão atrativos pois a cadeia do algodão sofria os impactos de uma menor demanda causada pela pandemia de coronavírus.
A área que não terá algodão este ano, recebeu sementes de soja e milho. “Isso, porque esses dois grãos estavam mais atrativos até poucos meses atrás enquanto o algodão passava por um processo de redução de preços muito forte. Imagine todas as lojas e todos os shoppings centers de várias cidades do mundo fechadas por 30, 40 dias. Sem dúvida, foi um grande impacto para o setor”, explanou Jonas Nobre, da Laferlins, outra corretora de algodão associada à Bolsa. A recuperação do setor pôde ser sentida já no fim de 2020 quando, mesmo com os receios da segunda onda de Covid-19 em diferentes países, o consumo recuperou patamares de pré-pandemia.
Segundo projeções da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) apresentadas na última runião da Câmara Setorial realizada em dezembro, a expectativa para o consumo da pluma em 2021 é animadora. Se tudo se confirmar, o BR deve consumir 720 mil toneladas. Em uma expectativa mais otimista para um prazo mais longo, as entidades esperam que a indústria têxtil local volte a consumir 1 milhão de toneladas.
Confira a cotação atualizada do algodão
A Bolsa Brasileira de Mercadorias
Introdução e Resumo da Política de Privacidade da Bolsa